A história de cada um

Às vezes, a nossa história se confunde com as histórias que nos foram contadas sobre nós. Quando nascemos, precisamos do outro para ajudar a dar sentido para o que estamos experienciando. Nossos pais, família, amigos, professores, eles nos ajudam a dar nome ao mundo externo e interno. E com a passar do tempo, vamos dando sentido as nossas experiências, construindo a nossa identidade, descobrindo do que gostamos, do que odiamos, quem somos e para onde desejamos ir.

Mas as vezes, podemos ficar presos em narrativas que são criadas pelo outro e reforçadas por nós mesmos. Criadas pelo pai, pela mãe, pela família, pela sociedade e que muitas vezes limitam o sujeito. Palavras que são ditas e mais machucam do que ajudam a estabelecer uma autonomia, independência, capacidade e amor próprio. Aquilo que foi dito, marca seu psiquismo e vira um disco que sempre repete a mesma música. “Você não é bom o suficiente”, “Você é burra”, “Você é incompetente”, “Você não vai virar nada na vida”, são frases que podem aprisionar a pessoa em um ciclo de negatividade e falta de perspectiva. Aos poucos, o "você não é capaz" acaba se tornando o "eu não sou capaz". E cada obstáculo que a vida apresenta, vem seguido de um pensamento que “prova” o “fracasso” que você é.

No consultório, é muito comum ver as narrativas negativas que cada pessoa trás e a dificuldade em mudá-las. Mas dificuldade não é impossibilidade. Mudar não é fácil, mas possível e as vezes necessário. Cada um carrega em si histórias que foram criadas, reforçadas e que tentam destruir as capacidades, qualidades e possibilidades existentes. Mas se é uma história, então é possível mudar o desfecho. Temos a nossa liberdade para buscar a mudança que desejamos, por mais ilusória que pareça as vezes. Ela existe. Você existe. Mudar sua narrativa é fundamental para que o ciclo se quebre, para que a música mude e as flores possam florescer no jardim.